A ampliação do Hospital da Luz Lisboa, entre 2015 e 2019, está agora retratada num livro de arquitetura, com textos e desenhos do ateliê Risco, responsável pelo projeto, que explicam a conceção, as estratégias e as soluções encontradas. “Não há, de facto, nenhum hospital tão bonito como este”, sintetizou Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, na sessão de apresentação do livro, a 19 de janeiro. Todos os intervenientes nesta sessão foram unânimes quanto às principais características que fazem deste conjunto de edifícios uma referência na arquitetura hospitalar portuguesa: a luz, o conforto, a funcionalidade, a qualidade dos materiais usados e a beleza e elegância das suas linhas. Durante a apresentação (foto em cima), que decorreu no auditório do Hospital – localizado, precisamente, no novo edifício que resultou da ampliação –, coube ao editor José Manuel das Neves e à arquiteta e professora Marta Sequeira falarem do livro, enquanto Rui Maio (diretor clínico e de Cirurgia) e Isabel Vaz deram a sua visão de utilizadores e ‘clientes’ da obra. Jorge Estriga, o arquiteto que nos últimos 20 anos liderou a equipa de cerca de 40 projetistas do ateliê Risco envolvidos no projeto, abordou alguns dos principais aspetos desse trabalho e a importância do livro para as atuais e futuras gerações de arquitetos. Num ato que simbolizou a importância do seu trabalho e desta obra na história da Luz Saúde, Isabel Vaz entregou ao arquiteto a chave do Hospital. “A ideia de que um hospital é uma estrutura altamente complexa apenas acessível a arquitetos ditos especialistas fez com que os projetos para os hospitais portugueses tenham sido durante largos anos capturados por enfadonhos consórcios projetistas”, recordou Marta Sequeira , acrescentando que o Hospital da Luz nasce de “uma nova perspetiva”: “Um hospital requintado que largamente ultrapassa as aspirações de um edifício funcional, sem, no entanto, deixar de o ser. Outros hospitais em Portugal têm imitado este conforto no acolhimento, sem o conseguirem fazer, porém, com tanta eficácia”. “Quando se entra aqui, não parece que estamos num hospital e o que se destaca logo é a luz: temos luz até em sítios onde não é costume haver, como o corredor do bloco operatório e os cuidados intensivos. Juntando a isso a beleza do edifício e dos equipamentos, a qualidade e a harmonia, o resultado para os doentes e para quem cá trabalha é quase como se estivessem num hotel”, afirmou Rui Maio, destacando ainda: “Os circuitos estão muito bem montados. Nas áreas de ambulatório, circulam cerca de 5 mil pessoas por dia , mas quem aqui vem e quem aqui trabalha não tem a noção de que o hospital está cheio”. “Este é o projeto e o desafio das nossas vidas. Quando começámos, em 2000, queríamos fazer um hospital completamente diferente”, começou por recordar Isabel Vaz. “Eram claras para nós a ideia de luz e a ideia de que todos os que aqui trabalhariam ou viriam teriam de se sentir muito bem . Era preciso construir com bons materiais, perenes, que refletissem a medicina de excelência que iria aqui ser realizada. Poderíamos ter os melhores médicos do mundo, mas as estruturas teriam de ser boas, a começar pela arquitetura. Como os edifícios originais foram muito bem pensados, a expansão depois decorreu com muita tranquilidade. Houve sempre muitas discussões e choques, claro, mas foi um extraordinário trabalho de equipa. Eu já visitei mais de 200 hospitais em todo o mundo e não há, de facto, nenhum hospital tão bonito como este”, concluiu. “Um dos propósitos deste livro, salientou Jorge Estriga, é “poder ser útil a outros arquitetos que tenham de desenhar um hospital pela primeira vez”, como aconteceu há mais de 20 anos com o Risco . O arquiteto explicou ainda: “Quando fizemos o projeto, queríamos romper com a experiência associada aos hospitais (espaços frios, impessoais e desconfortáveis) e a primeira pergunta que fizemos foi ‘como podemos melhorar a experiência de ir a um hospital?’ Temos, assim, espaços cuidados, muita luz natural, jardins, cor, materiais quentes, acessos e circulações diretas e de fácil compreensão. Tudo isto pode ser descrito numa palavra: conforto. Conforto para quem usa o hospital, para quem nele trabalha e para quem tem de o cuidar. Na fase de ampliação, em 2015, a nossa pergunta foi ‘como melhorar os espaços interiores’? Temos materiais mais quentes, mais luz natural e arte, mais jardins e muito mais conforto. E foram integrados desde o início todos os equipamentos e adereços necessários hoje à ‘coreografia’ das zonas públicas hospitalares (como dispensadores de senhas, ecrãs, etc.)”. “Estamos orgulhosos do resultado. No fundo, estamos há mais 20 anos a aprender a fazer melhor”, concluiu. À venda nas livrarias O livro “Ampliação do Hospital da Luz Lisboa” é editado por José Manuel das Neves/Uzina Books e inclui textos dos arquitetos Jorge Estriga (Risco) e Paulo Martins Barata e da curadora e crítica de arte Filipa Oliveira. Contou com os apoios institucionais da Luz Saúde e das empresas parceiras Morta-Engil, HCI e Teixeira Trigo. À venda nas livrarias, destinando-se sobretudo a estudantes, arquitetos e profissionais com interesse nesta área, consagra em livro a conceção e os desenhos exteriores e de interiores do edifício C (o terceiro) do hospital. Surge na sequência de um outro livro, editado em 2011, sobre os primeiros edifícios (“Hospital da Luz e casas da Cidade – Complexo Integrado de Saúde da Luz”). Ambas as edições são bilingues.