Filipa Osório , José Reis , Inês Reis , do Hospital da Luz Lisboa, e Hélder Ferreira , do Hospital da Luz Arrábida, foram alguns dos especialistas que participaram como peritos nos trabalhos da comissão parlamentar de saúde , sobre os projetos de lei que propunham apoios e proteção social a mulheres com endometriose e adenomiose e que tiveram origem numa petição lançada pela Associação MulherEndo. Filipa Osório e Hélder Ferreira foram, aliás, os primeiros subscritores, com a presidente da MulherEndo Susana Fonseca, da petição que juntou quase nove mil assinaturas e que conseguiu que este tema fosse levado ao Parlamento e transformado em proposta de lei, para debate e votação. No passado dia 16 de fevereiro, e com todos estes médicos especialistas presentes nas bancadas parlamentares destinadas ao público, decorreu o debate parlamentar sobre o conteúdo da petição e as propostas entretanto elaboradas por todos os partidos com assento parlamentar, tendo a votação decorrido no dia seguinte. A MulherEndo pretendia, entre outras coisas, ver aprovadas a criação de um certificado de incapacidade recorrente e intermitente, a inclusão da endometriose na lista de doenças graves que permitem o acesso privilegiado a programas de procriação medicamente assistida, os três dias de faltas justificadas por mês e a comparticipação de medicamentos específicos para as dores provocadas por esta doença. Mas, no dia a seguir ao debate, a votação ditou o chumbo de todas as propostas menos a do Partido Socialista. O PS defendeu e o parlamento aprovou a criação do dia nacional da endometriose, para 1 de março , e a constituição de uma comissão que «elabore uma estratégia nacional de combate à endometriose. Esta comissão deve ainda «avaliar o impacto desta doença ao nível pessoal, profissional e financeiro», diz a proposta de resolução aprovada. Citada na comunicação social, Susana Fonseca, presidente da MulherEndo, falou em «votação com sabor amargo, tendo em conta que observámos a unanimidade de todos os partidos na necessidade de implementar estas medidas para proteção das mulheres com endometriose e adenomiose». Estima-se que esta doença afete cerca de 230 mil mulheres em Portugal, ou seja, uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva e tem atualmente um impacto económico e psicossocial significativo. A MulherEndo tem por objetivo principal promover e fomentar o apoio, a reabilitação e/ou recuperação física e psicológica da mulher com endometriose através da informação e cooperação direta.