O Hospital da Luz Arrábida passou a realizar uma técnica inovadora em cardiologia, a NobleStitch , para realizar o encerramento do foramen ovale patente, um orifício entre duas das cavidades do coração, que em certos casos não fecha naturalmente à nascença, potenciando depois a ocorrência de AVC e acidentes isquémicos transitórios. “Em relação ao tratamento tradicional, por cateterismo e com colocação de dispositivos metálicos, o Noblestitch, sendo uma técnica percutânea, tem a vantagem de apenas deixar um pequeno ponto de sutura, não estando descritas complicações (como arritmias). Além disso, não inviabiliza tratamentos futuros ao coração”, explica Pedro Braga , cardiologista de intervenção do Hospital da Luz Arrábida. O especialista, cuja equipa (em cima, na foto) tem aqui realizado procedimentos com NobleStitch desde o início de 2025, acrescenta que este “é um método que apresenta claras vantagens, sobretudo nos doentes jovens”: “Temos tido excelentes resultados. O doente é intervencionado sob sedação, não temos registado qualquer complicação durante e após o procedimento e, passadas 24 horas, retoma a sua vida normal”. O foramen oval patente (FOP) é uma pequena comunicação que existe entre duas cavidades cardíacas, entre a aurícula direita (que pertence à circulação venosa) e a aurícula esquerda (parte da circulação arterial), que permanece aberta após o nascimento, quando normalmente deveria fechar. Por razões que não se conhecem, em cerca de 20% a 25% das pessoas o foramen ovale não chega a fechar. Esta situação tem o nome de foramen ovale patente, ou abreviadamente FOP, e permite a passagem de sangue da aurícula direita para a esquerda e vice-versa. Na grande maioria das pessoas, o FOP não causa problemas. Muito raramente o FOP pode estar associado a situações patológicas que podem ser devastadoras, nomeadamente o Acidente Vascular Cerebral (AVC), ao permitir a passagem de trombos que se possam formar na circulação venosa para a circulação arterial e causarem oclusão de artérias no cérebro. Atualmente é indicado tratar o FOP quando o doente tem um AVC criptogénico (sem outra causa óbvia) e menos de 65 anos.