Manuela Gomes , especialista em Imunohemoterapia no Hospital da Luz, concluiu, a 9 de abril passado, o doutoramento em Medicina na Faculdade de Ciências Médicas/Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa. A sua tese – intitulada “Fibrinogen concentrate safety for the correction of hypofibrinogenemia in coagulophatic surgical patients ” – mereceu a aprovação do júri, por unanimidade e distinção. Nos trabalhos da tese, Manuela Gomes estudou a segurança da administração de concentrado de fibrinogénio em doentes que tiveram problemas de coagulação no sangue no contexto de uma cirurgia. O fibrinogénio plasmático é um fator determinante para a coagulação do sangue após a lesão de vasos sanguíneos e o concentrado de fibrinogénio tem a vantagem de possuir uma quantidade fixa de fibrinogénio num pequeno volume, podendo minimizar a necessidade de uma transfusão sanguínea. Estas vantagens da administração do concentrado de fibrinogénio não estão ainda, porém, amplamente estudadas e comprovadas, sendo esta tese um contributo nesse sentido. O trabalho envolveu a realização de uma revisão sistemática com meta-análise sobre a segurança do concentrado de fibrinogénio em doentes adultos durante o período perioperatório e um estudo observacional prospetivo realizado no Hospital da Luz Lisboa. Este estudo observacional envolveu adultos submetidos a cirurgias programadas ou de emergência, que registaram problemas de coagulação do sangue e aos quais foi administrado concentrado de fibrinogénio. “Os resultados da meta-análise e do estudo prospetivo mostraram-se alinhados e apontam para um benefício potencial e um perfil de segurança favorável com baixo índice de óbitos e fenómenos tromboembólicos”, explica Manuela Gomes. A meta-análise “foi pioneira nesta área, uma vez que se focou exclusivamente em segurança”, facto que não se verificou até à data noutros estudos deste tipo. Principais conclusões da investigação: A idade, a incidência de eventos tromboembólicos prévios e as cirurgias de emergência estão associadas a maior necessidade de transfusão de componentes sanguíneos e períodos de internamento mais prolongados. Embora o uso de concentrado de fibrinogénio não pareça aumentar o risco de eventos tromboembólicos, os doentes que precisam de doses mais altas de concentrado de fibrinogénio também receberam mais unidades de concentrado de eritrócitos. Os valores mais baixos de fibrinogénio plasmático na altura da hemorragia e, portanto, da reposição com concentrado de fibrinogénio, estão também associados a um maior risco, facto que pode indicar – à semelhança de outras situações, como a hemorragia pós-parto – que este poderá ser um marcador biológico importante a ter em consideração em estudos futuros. Na foto em cima, a nova doutora e o júri: António Robalo Nunes (da Faculdade de Ciências Médicas/Nova Medical School - FCM/NMS), Eugénia Martins da Cruz (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto), Fernando Miguel Teixeira Xavier (da FCM/NMS e presidente do júri), Manuela Gomes, Fernando Ferreira Araújo (da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que participou por videoconferência), Jorge Lima (da FCM/NMS e orientador da tese) e Susana Mendes Fernandes (da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa).