Os projetos coordenados por duas enfermeiras do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), Luísa Matado Caldas e Soraia Pedroso Bispo , foram selecionados para o conjunto de trabalhos finalistas do Prémio de Boas Práticas em Saúde , na categoria de melhor poster científico. Este prémio é uma iniciativa conjunta da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, da Direção-Geral da Saúde, da Administração Central do Sistema de Saúde e das Administrações Regionais de Saúde. Tem por objetivo principal dar a conhecer as boas práticas em saúde a nível nacional , no âmbito da qualidade e inovação, bem como distinguir o trabalho dos profissionais ou equipas em serviços/unidades de saúde que, no seu quotidiano, desenvolvam projetos com qualidade e inovação e que, respeitando as normas instituídas, representem um valor acrescido para o cidadão/comunidade ou para as práticas da organização, com reflexo direto na prestação de cuidados de saúde. A esta 13.ª edição do prémio , cujo encontro final decorreu a 21 de novembro, concorreram cerca de 100 projetos. Foram escolhidas 11 comunicações e 14 posters científicos finalistas, entre os quais os das profissionais do HBA: “PareQuedas no HBA: 101 maneiras de as evitar” —um projeto apresentado por Luísa Matado Caldas, coordenadora de Gestão do Risco, e que integrou ainda as enfermeiras Marta Soares, Teresa Alves e Vanessa Pinto); “Protocolo de desalgaliação por enfermeiros” – um projeto apresentado por Soraia Pedroso Bispo, enfermeira responsável do gabinete local de prevenção e controlo de infeção, que contou também com a participação do médico Carlos Palos (diretor do grupo local de prevenção e controlo de infeção) e das enfermeiras Luisa Caldas, Marta Soares e Teresa Simões. O primeiro projeto teve como ponto de partida o problema das quedas e dos danos daí resultantes – um problema de saúde pública que a Organização Mundial de Saúde considera um dos maiores desafios do século XXI – e a preocupação com o número de quedas no HBA. Centra-se nas medidas transversais que o Gabinete de Gestão do Risco do hospital desenvolveu em 2016, com a colaboração de vários profissionais do HBA, em particular de enfermagem, visando diminuir o número de quedas e consequentes danos para os doentes, o impacto emocional nos profissionais e o impacto económico na organização. Com esta intervenção, verificou-se, em 2017/2018, uma redução de 7% no número total de quedas e uma diminuição anual de 0,1% na Taxa de Incidência de Quedas em Internamento (menos 74 quedas). Já o “Protocolo de Desalgaliação por Enfermeiros” teve origem nos aspetos relacionados com a infeção do trato urinário associada à algaliação (ITU), uma das infeções mais frequentes nos doentes hospitalizados, contribuindo para o aumento da morbi-mortalidade, o prolongamento da demora média de internamento (DMI), o maior consumo de antibióticos e, indiretamente, para a diminuição da acessibilidade e sustentabilidade do sistema de saúde, assim como para o aumento de resistência antimicrobiana. Sendo a colocação e remoção da algália um ato interdependente de Enfermagem, e estando os enfermeiros na primeira linha de abordagem aos doentes, estes profissionais podem desempenhar um papel central na sua gestão, nomeadamente na remoção (desalgaliação) logo que cesse a justificação para a sua manutenção, de acordo com as orientações baseadas em evidência científica e consensualizadas a nível internacional (que definem e regulam as indicações para algaliação, as boas práticas de colocação, manutenção e remoção destes cateteres.) O protocolo de desalgaliação foi introduzido no HBA em 2016. Em dois anos – 2017 e 2018 –, teve como resultado: A prevenção de 45 infeções do trato urinário associadas à algaliação em doentes internados, reduzindo para cerca de metade a taxa de incidência anual. A redução da exposição à algaliação e o número médio de dias de algaliação por doente. Finalmente, efetuando uma extrapolação baseada em estudos recentes, pode-se afirmar que o HBA conseguiu , assim, reduzir 36 anos de vida ajustada por incapacidade aos doentes internados no hospital , assim como admitir mais 31 doentes , além de poupanças significativas no consumo de antibióticos e número de internamentos. Na foto em cima , Luísa Caldas, Carlos Palos, Soraia Pedroso Bispo, Patrícia Nunes (Gabinete de Gestão do Risco) e Marta Soares.