“Habitualmente, em eventos desportivos de grande dimensão, damos assistência aos atletas e ao staff e zelamos pela segurança de todo o público. Por regra, são estas as nossas tarefas assistenciais. Desta vez, porém, ficámos sem o público. Mas… ‘ganhámos’ uma pandemia” . A ironia das palavras de Rodrigo Moreira , médico especialista em Medicina Desportiva e responsável pela equipa do Hospital da Luz Lisboa no Millennium Estoril Open 2021, é facilmente explicável: com o evento quase a terminar, o médico sabe que continua tudo sob controlo e, até agora, a decorrer como previsto. Hoje, já é certo que esta foi, para o Hospital da Luz Lisboa, mais uma parceria de sucesso. A responsabilidade clínica de preparar e pôr ‘a rolar’ o maior torneio de ténis em Portugal em tempo de pandemia não foi tarefa fácil. Não é que Rodrigo Moreira não esteja já habituado às exigências das autoridades de saúde nos eventos desportivos – afinal, como faz questão de assinalar, além de especialista em Medicina Desportiva no Hospital da Luz Lisboa, é também médico na Federação Portuguesa de Futebol. “Felizmente, durante a maior parte deste período pandémico, os eventos desportivos do futebol continuaram a existir, cumprindo, naturalmente, todas as regras de segurança para evitar a disseminação do vírus. Isso significa que já tenho alguma experiência desta nova realidade” , explica. Mas há diferenças entre esses eventos e este Millennium Estoril Open: “Por exemplo, e uma vez que se trata de mais de uma semana seguida com treinos e jogos, temos de ter a certeza de que estamos todos bem. Por isso, toda a equipa clínica é testada à COVID-19 de dois em dois dias” . Há uma estratégia muito exigente da ATP – a organização que é responsável pela competição mundial de ténis –, “que temos de cruzar com as regras da nossa Direção-Geral de Saúde” , diz. E tudo somado, “acaba mesmo por fazer com que esta seja uma experiência diferente, dentro da nova realidade que eu já conheço” . Dias intensos O que faz então um médico num evento como este? Esta é a pergunta a que é mais fácil responder, diz, com um sorriso, o líder da equipa do HL Lisboa no torneio. “Cada organização desportiva destas deve ter o apoio de fisioterapeutas, massagistas, enfermeiros e, claro, de médicos. No nosso caso, estamos à disposição dos atletas e do staff, quer no recinto, quer no hotel onde estão todos instalados, para prestar os cuidados de saúde que sejam necessários” , começa por explicar. Tudo isto inclui, adianta, “qualquer situação que exija envolvimento clínico” . “Ao contrário de outros desportos, a ATP não tem um local fixo para realizar os seus jogos. Anda de país em país, em trânsito permanente, e, apesar de os atletas terem os seus próprios fisioterapeutas, a organização não tem equipa de médicos nem equipamentos para fazer exames mais específicos” . Foi essa resposta que, desde o início do torneio, os três médicos da equipa do Hospital da Luz Lisboa – Ricardo Figueira, João Morais e o próprio Rodrigo – já foram dando. Entre patologias de sobrecarga e lesões traumáticas resultantes dos treinos ou dos jogos, como entorses do tornozelo ou lombalgias, tem-lhes passado um pouco de tudo pelas mãos. “Além disso, não nos podemos esquecer que, além de atletas profissionais de alto nível, eles são também pessoas como nós. Podem ter uma dor de cabeça, uma constipação, sintomas de alguma tensão e stress… Vamos acompanhando todas essas situações” , explica o especialista do HL Lisboa. E até esta altura, o balanço não podia ser mais positivo. “Têm sido dias intensos. As situações surgidas foram resolvidas com sucesso e permitiram a quase todos os atletas recuperar as suas capacidades físicas” . Para isso, os três médicos têm contado com o apoio de fisioterapeutas, massagistas e enfermeiros do Hospital da Luz Lisboa no recinto e no hotel do torneio, bem como da equipa destacada para este efeito no próprio hospital, liderada pelo médico internista Luís Duarte Costa e pelo médico imagiologista Augusto Gaspar . A equipa do HLL ao serviço do Millennium Estoril Open que tem, no total, cerca de 20 profissionais de saúde, inclui ainda os especialistas em controlo de infeção, liderados pelo médico intensivista Carlos Palos, e cuja tarefa é manter todos os circuitos da competição ‘livres’ de COVID-19. Medicina Desportiva no HL Lisboa: a próxima aposta com futuro Com o Millennium Estoril Open 2021 a entrar na sua fase final, para Rodrigo Moreira este é mais um momento para demostrar que “serviços de excelência, como os do Hospital da Luz, têm obrigatoriamente de estar associados a parceiros de referência” . E estar com “os melhores do ténis mundial significa que temos a qualidade e a segurança que se exige a quem precisa da melhor assistência ao nível da Medicina Desportiva” , reforça, concluindo: “Vemos esta parceria como algo em que queremos estar envolvidos!” . É por isso que, fechada esta etapa, o tempo será de olhar para o futuro. E é nisso que já está a trabalhar Rodrigo Moreira. “A medicina desportiva deixou, há muito, de ser apenas uma especialidade médica para tratar lesões de atletas profissionais. Prevenção, diagnóstico, tratamento e otimização do rendimento desportivo – hoje, trabalhamos em muitas áreas e com diferentes perspetivas de abordagem ao praticante de exercício físico, ao atleta amador e ao atleta profissional” , explica o médico, acrescentando: “Ora, a Medicina Desportiva do Hospital da Luz Lisboa está precisamente a preparar-se para dar essa resposta integral e abrangente” . Isto é, “estamos a criar todas as condições, num centro exclusivo e dedicado de medicina desportiva, para dar apoio clínico e técnico a quem nos procure, seja qual for o tipo de exercício físico que pretenda fazer ou o desporto praticado” .