Cristina Pestana, coordenadora adjunta do Bloco Operatório e do Departamento de Anestesiologia do Hospital da Luz Lisboa , deu uma entrevista ao DN , em que fala das suas raízes familiares, das razões por que optou por esta especialidade médica, de como encara o exercício da Medicina e de alguns dos doentes que marcam a sua vida. «Se a Medicina for só computadores, acabou a medicina. Isto é uma relação entre pessoas» – é uma das suas declarações, que serve de título à entrevista (Foto: Orlando Almeida/Global Imagens) Entrevista completa de Cristina Pestana Médica há 34 anos , tendo feito grande parte do seu percurso no Hospital de Santa Maria , em Lisboa, antes de integrar a equipa que fundou o Hospital da Luz em 2006 , Cristina Pestana explica ao longo desta entrevista por que defende que é o anestesiologista quem manda no bloco operatório : «O cirurgião está a operar um órgão, mas o doente não é só esse órgão. Por exemplo, estamos a operar um doente ao fígado, de repente o doente tem uma arritmia e eu tenho de dizer ‘para’. Portanto, quem determina o curso das coisas em situações-limite sou eu, (...) quem escolhe os timings, quem estabelece limites e prioridades sou eu». 'Às vezes, não acertamos. Não somos perfeitos nem deuses' Depois de recordar as histórias difíceis de doentes que ajudou a salvar , alguns dos quais se tornaram seus amigos, a médica revela como lida com as cirurgias que correm mal e em que não consegue manter as pessoas vivas. «Quando nos morre um doente, no bloco ou fora do bloco, é uma sensação difícil de explicar por palavras. Recordo, por exemplo, as conversas todas que tivemos... Tive, há pouco tempo, um doente que entrou no bloco e disse ‘doutora, estou nas suas mãos’ e as minhas mãos não foram suficientes para o manter vivo. É muito difícil se achamos que fizemos tudo o que podíamos. Aquilo que podemos fazer é estudar mais para ver se a ciência descobre outras coisas», conta Cristina Pestana , acrescentando que se lembra de cada um destes casos. Por esta e outras razões é que a anestesiologia «é uma especialidade extremamente desgastante». O dia-a-dia de Cristina Pestana no Departamento de Anestesiologista pode ser visto neste documentário do Hospital da Luz Lisboa.