Novo episódio do Podcast Hospital da Luz sobre transformação digital na Saúde e sobre o modo como esta nova realidade influencia a relação dos doentes com os seus médicos e com os serviços de saúde, numa conversa entre o cardiologista e diretor do Hospital da Luz Centro Clínico Digital, Daniel Ferreira , e o diretor da Direção de Serviço ao Cliente da Luz Saúde, Nelson Brito . O Podcast Hospital da Luz é o título de uma série de podcasts em que os profissionais da Rede Hospital da Luz discutem os temas mais atuais nas suas áreas, estando disponíveis nas plataformas streaming de áudio (Spotify, Itunes, Google Podcast, etc.) e também no Youtube. Ouça sobre este tema o Podcast Hospital da Luz: Saúde na era digital Google | iTunes | Spotify Quando se fala em transformação digital, invariavelmente sabemos que estamos a falar de um mundo onde o que é hoje atual, amanhã já foi ultrapassado. Este é por isso um caminho de constantes desafios e aprendizagens. Nos últimos anos, o Grupo Luz Saúde tem dado passos significativos nesta área, sobretudo com o desenvolvimento de ferramentas que proporcionam aos doentes e clientes Hospital da Luz uma experiência digital que se tem afirmado como muito segura, simples e intuitiva, como a plataforma MY LUZ e o Hospital da Luz Centro Clínico Digital . Nelson Brito: Estamos a promover e a incentivar uma mudança comportamental, no sentido da utilização generalizada de todas as ferramentas que o Grupo Luz Saúde criou (MY LUZ, LUZ 24, Messenger e Whatsapp nos sites Hospital da Luz, etc) para aceder, digitalmente, aos nossos serviços, aos nossos hospitais e aos nossos médicos. Estas ferramenta assentam no rigor e na segurança e dão garantias de confidencialidade, de comodidade e de rapidez na resposta aos nossos clientes. Estamos a falar de saúde. E essa é a nossa responsabilidade: qualquer porta de entrada, qualquer acesso que criemos a este nível digital tem de ser feito com muito rigor e segurança. Não podemos facilitar, não podemos pôr em risco a segurança de quem confia há muito tempo nos nossos profissionais e nos nossos hospitais. Também temos trabalhado no sentido de ajudar todos aqueles que estão ainda fora do mundo digital – e que são, hoje em Portugal, cerca de 900 mil pessoas entre os 45 e os 64 anos. Tudo o que fazemos tem também em consideração todas estas pessoas, no sentido de as ajudar a aceder com a mesma facilidade e segurança aos nossos serviços. Porque, naturalmente, não há digitalização sem mudança do comportamento. E não há digitalização só para aqueles que são já ‘digitalizados’. Não podemos, por isso, perder de vista e aquela grande franja de população que continua infoexcluída. Felizmente, tínhamos as plataformas digitais montadas quando surgiu a pandemia. Estávamos já a funcionar com todas estas ferramentas: as nossas videoconsultas, por exemplo, não nasceram com a necessidade gerada pela COVID. Estavam a funcionar há 3 anos, dando os passos certos, corretos, em devido tempo e fazendo as melhorias necessárias. O Grupo estava muito bem preparado para isto que acabou por acontecer. Tivemos capacidade de responder com rapidez aos nossos doentes e às suas necessidades, porque já tínhamos o MY LUZ, a Luz 24, o Centro Clínico Digital com mais de 40 especialidades a fazer videoconsultas… O que aconteceu foi que tivemos de avançar em 6 meses o que estávamos a contar fazer em 5 anos. Estivemos cá e continuamos cá, todos os dias, para os nossos doentes. Daniel Ferreira: Há mais de 20 anos que se faz telemedicina em Portugal. Mas até há pouco tempo o objetivo era resolver problemas das instituições: se é necessário um cardiologista pediátrico que não está no hospital, mas está noutro a milhares de quilómetros, pomos o médico assistente da criança em contacto com o especialista através de telemedicina. Ora, o projeto do nosso Centro Clínico Digital nasceu com outro objetivo: não o de resolver um problema nosso, mas proporcionar aos nossos doentes uma forma mais cómoda e simples de acederem às nossas consultas. As nossas videoconsultas têm pressupostos rigorosos: por exemplo, são feitas apenas com os nossos doentes que já conhecemos, com doenças crónicas estabilizadas e controladas, e para quem algumas das consultas podem ser à distância – daí todo o procedimento criterioso de admissão e verificação do doente, no acesso à videoconsulta, e de confidencialidade enquanto ela decorre. E cumprem critérios de elegibilidade feitos pelos médicos de cada especialidade, porque nem todas as patologias podem ser vigiadas à distância. De resto, esta é uma consulta exatamente como as outras, com a mesma qualidade e legitimidade clínicas. Difere apenas em duas coisas da consulta presencial: na videoconsulta não fazemos exame físico e o doente está num ecrã, não está mesmo na frente do médico. A videoconsulta não afeta a relação de confiança entre médico e doente. Pelo contrário, até a reforça. Um doente açoriano se calhar só viria à minha consulta presencial uma vez por ano. Por videoconsulta, eu vejo-o mais vezes, controlo a medicação, faço a vigilância da sua doença… Fico muito mais próximo dele, contacto-o mais vezes, ele sentir-se-á mais confiante e seguro de que vou responder-lhe com rapidez. Quando às pessoas mais idosas ou aquelas que tenham mais dificuldade em lidar com estas ferramentas digitais, na verdade acontece-lhe o mesmo quando vêm ao hospital: trazem um acompanhante para ajudar. Nas videoconsultas, é a mesma coisa: se o doente não sabe mexer no computador ou no tablet, pede ajuda a alguém da família. As videoconsultas são uma proposta de valor para o doente, não são impostas a ninguém. Felizmente, estávamos preparados, quando surgiu a pandemia. Já há muito que trabalhávamos nestas ferramentas, foi apenas preciso acelerar e fazer muito mais em menos tempo. E tudo cresceu muito rápido: tínhamos 2 assistentes e passamos a 20; tínhamos algumas dezenas de médicos a fazer videoconsultas e passámos a ter 800 médicos em toda a Rede Hospital da Luz; tínhamos 2 vídeoconsultórios, agora temos 15 só no Hospital da Luz Lisboa (…e agora são poucos!), além de que tivemos de arranjar vídeoconsultórios em todas as nossas unidades; e crescemos de meia dúzia de especialidades, para mais de 40 que agora disponibilizam videoconsultas. As nossas videoconsultas tiveram um crescimento de mais de 3000%! O futuro é digital também na saude. Estamos bem preparados. Sabemos para onde queremos ir. Temos de trabalhar muito e, para manter a liderança, temos de ser capazes de antecipar necessidades, tendências.